dezembro 18, 2009

Trabalho livre, escravidão e racismo.

A esfera onde se inserem os trabalhadores negros no Brasil é cercada de preconceitos raciais demonstrados, dentre vários outros aspectos, no difícil acesso ao mercado de trabalho e os salários inferiores com relação aos trabalhadores brancos.



Porém nada é comparável ao terror da escravidão vivido nestas terras. Por mais penosa que a realidade do trabalho livre dos indivíduos negros se apresente, a escravidão configura-se como uma das maiores barbáries da história.


Falar de racismo nestes dois mundos me parece um retrocesso. Entendo que no meu ponto de vista o preconceito racial atual se mostra mais agressivo do que nos anos de escravidão. Explico: se durante os séculos de escravidão os africanos e afro-descendentes eram tratados cotidianamente e legalmente como coisas e objetos de compra e venda onde se configuravam como propriedades de senhores brancos, sofriam o preconceito de maneira clara e aberta devido, entendo eu, a sua posição social inferior de servo. O preconceito existia explicitamente numa sociedade com um abismo social que de um lado estavam os escravos, que eram donos de somente sua força de trabalho, e de outro os grandes fazendeiros brancos, posicionados em um lugar privilegiado desta sociedade.


Século XXI e nossa constituição diz que “todos são iguais perante a lei” ao mesmo tempo em que o racismo se configura como crime. Algo aqui não se encaixa direito, não era para sermos iguais? Alguém não se sente e não é tratado como tal. E, infelizmente, é a mais pura verdade. Estamos cercados de discursos de inclusão social, de anti-racismo...só não enxergo muita prática no meio de tanta teoria. Mais do que discursos e palavras o que é muito mais evidente são os olhares de reprovação lançados pelos que se sentem como “novos senhores”, donos de uma autoridade e superioridade que inflam seu ego a ponto de se sentirem em algum pedestal que só eles próprios enxergam e só à ele servem. É um racismo velado, escondido que afirmam de pé junto não serem donos.


Parece difícil “senhores e escravos” sentarem na mesma sala de aula e serem colegas de trabalho.


Mais vale a verdade, mesmo dura, do que a falsidade e a arrogância infantil dos “novos senhores”.

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