julho 27, 2010

Fontes Históricas

Não há trabalho para nós historiadores sem as fontes e graças aos Annales, hoje elas são muitas: escritas, iconográficas, orais e materiais. Procurar, selecionar e analisar, este é o nosso ofício.
M. Ouriques






Coleção Padre Rohr




A história dos Antigos era conhecida como gênero literário, sendo as pesquisas de Heródoto, que buscou no passado as causas do presente, e Tucidedes feitas para uma leitura prazerosa.

Já no século XIX, ainda como gênero literário, a história apresentou uma tradição moralista, distanciando-se dos modelos greco-romanos.

“Os primeiros historiadores foram antes de tudo filólogos”, ou seja, um estudioso da língua culta, como foi o latim durante vários séculos. Era estudado para haver maior conhecimento sobre as fontes escritas na língua original.

Os historiadores antigos não usavam necessariamente documentos originais como fontes em suas obras, mas sim objetos ou paisagens, as fontes materiais que para nós seria chamado de fonte arqueológica.

No início do século XIX os historiadores publicaram textos, como obras em línguas antigas, medievais e modernas, também se preocupando com a conservação de tais documentos. Houve uma iniciativa de coleta e publicação de artefatos, edifícios e outras fontes materiais. Esculturas romanas serviram de inspiração para obras renascentistas entre os séculos XVI e XX. Todos estes objetos foram descritos e catalogados e passaram ser considerados como fonte de informação, ajudando os historiadores na coleta de dados.

Os museus contribuíram neste momento para criação de uma identidade para cada país, servindo de fonte de informação para os historiadores.

Foram desenvolvidos posteriormente métodos científicos para o trabalho arqueológico devido as crescentes descobertas de artefatos.Como não é possível ser conservado todos os objetos encontrados em escavações, foram criadas praxes para descarte destas fontes como o parecer de uma comissão científica e a declaração dos critérios utilizados para exclusão desta fonte.

As inscrições feitas em pedras, cerâmicas, sarcófagos e outros materiais foram especificamente valorizados e sua variedade de informação transformada a forma e conceito da fonte histórica.

A história do Egito antigo baseou-se não somente em fontes gregas textuais como Heródoto, mas também em manuscritos paleográficos que vieram a tona graças a Arqueologia.

No fim do século XIX houve uma expansão no conjunto de fontes arqueológicas, isso se deve não só ao avanço técnico, como a criação de escolas de Arqueologia que surgiram como o avanço do capitalismo no mundo.
O positivismo que caracterizou a disciplina por muito tempo passou a ser

questionado tanto no campo das Ciências Humanas como depois pela História. A Filosofia questionou primeiramente sobre as certezas do positivismo.

Mostrava-se como o sujeito de conhecimento, aquele que busca a verdade, não pode desvencilhar-se de si mesmo, de suas características e interesses e sempre terá uma interpretação subjetivada do mundo.

Surgiram ainda a Sociologia e a Lingüística, que acreditavam que uma sociedade não pode ser conhecida sem a intervenção de teorias e conceitos. Isso fez aumentar o interesse em outras fontes históricas como o próprio cotidiano das pessoas.

Fernand Braudel em sua obra sobre a civilização material diz que não é possível usar tudo aquilo que o homem se serve para avaliar a existência cotidiana, porém, nos proporciona um excelente indicador.

Samuel Noah Kramer, historiador, mostrou com a descoberta das tabletas da Mesopotâmia que poderíamos saber mais sobre o dia a dia no terceiro milênio a.C do que sobre um passado mais recente. Já Braudel não aceitou as afirmações de Kramer e buscou fontes arqueológicas mais atuais.

No século XIX as obras marxistas também mostram toda a importância da interpretação de fontes materiais, defendendo que relações sociais e História fundam-se em relações materiais.

Poderia parecer, contudo, que a cultura material, por essa ligação com o materialismo, seria pouco valorizada pela historiografia assumidamente mais subjetivista, que enfatiza o papel do estudioso na interpretação da História, mas esse não é o caso.

As obras do arqueólogo Roger G. Collingwood provenientes da década de 1930, por exemplo, mostra toda uma centralidade material, enfatizando a necessidade do uso de vestígios como objetos de estudo do historiador.

Quando o historiador se volta aos estudos da chamada Pré – História, onde não há documentação escrita e se vê diante apenas de vestígios materiais acaba “esbarrando” em como poderia proceder em suas pesquisas.

Primeiramente temos que utilizar as ferramentas interpretativas necessárias, como todo e qualquer registro encontrado daquela sociedade específica, seus hábitos, religiosidade; contextualizando como o que o pesquisador já tem em informações disponíveis. Após caso haja informações registradas é feito um estudo para maiores esclarecimentos.
Porém quando é encontrado um vestígio material muito antigo, a possibilidade de se ter algum registro para ajudar em sua análise é muito pequeno. Mesmo assim o pesquisador deve concentrar suas atenções a estes achados, como no caso de fósseis hominídeos que traz uma boa quantidade de informações para seus estudos. Como ocorreu no caso da comparação do crânio do homo sapiens e o homem de Neandertal, onde mostra este último com um cérebro maior que o humano, porém sem capacidade de articular

palavras como fazia o homo sapiens. Este fator pode ter sido fundamental na continuidade da espécie, ou seja, a capacidade oral de transmitir informação talvez tenha sido decisiva nesta seleção natural.

Hoje outros conceitos são utilizados nos estudos de fontes materiais, como o paralelo etnográfico, que traça as semelhanças entre povos que tinham vivido de maneiras parecidas.

O pré-historiador francês André Leroi-Gourhan publicou em 1945 a obra Milieu et Techniques onde mostra a comparação entre grupos de caçadores-coletores e grupos de agricultores ceramistas, expondo as especificidades que existiam entre estes dois grupos utilizando-se de fontes arqueológicas.

“O importante, no entanto, é a indicação metodológica de que as fontes arqueológicas podem dizer muito mais ao historiador se este utilizar a analogia etnográfica para melhor compreender os vestígios que encontrar”.

Quando o historiador possui uma fonte escrita referente a Pré- História ela se torna necessariamente aliada as fontes materiais.

Uma sociedade celta desenvolvida nos últimos séculos a.C deixou como vestígios arqueológicos locais fortificados como indícios de muralhas e alguns tipos de moradia chamada de castros. Localizada na Península Ibérica esta sociedade foi incorporada aos domínios romanos. A arqueóloga Inês Sastre mostrou as diferenças dentro dos castros antes do domínio romano, como os conflitos já existentes entre eles.

Estes achados auxiliam os historiadores a traçarem as semelhanças e diferenças dentre as sociedades estudadas, isso inclui também os estudos de uma sociedade iletrada que mantinha um grande contingente populacional em sociedades antigas, como os seguidores de Cristo na Galiléia.

Algumas fontes arqueológicas mostram que Jesus Cristo é originário de Nazaré, que os apóstolos como Pedro possuíam pequenos barcos que utilizavam em seu trabalho. Já outro tipo de fonte arqueológica foi encontrado dos indícios da elite da época de Cristo, como o ossuário de Caifás e vestígios de monumentos judaicos.

No Brasil, a República de Palmares era conhecida somente través de indícios de documentos oficiais portugueses e holandeses, porém as fontes arqueológicas contradisseram os documentos escritos, como a perceptível participação indígena que era quase omitida nas fontes escritas.

As fontes escritas podem assumir um caráter elitista, o que talvez levaria o historiador a acreditar somente em um grupo dominante. Como por exemplo, a defesa da escravidão feita por autores da elite, como Aristóteles, Sêneca e até o apóstolo Paulo. Já nas fontes matérias mostram a religiosidade africana que esteve ausente dos documentos escritos.

Mark Leone mostrou através de fontes arqueológicas que os escravos utilizavam-se de artifícios, segundo suas crenças, para prejudicar seus senhores. Mostrando assim o descontentamento dos valores dados a eles. Percebe-se então que o uso de uma única fonte de informação pode não trazer uma visão completa que o historiador procura, é necessário fazer contra pontos entre fontes escritas e materiais para que assim possa-se tirar conclusões mais acertadas.

O estudo das fontes arqueológicas está disponível em diversos livros de apoio didático de História, em obras genéricas como as escritas por Pedro Paulo Funari, Silvia Lenz e Josep Ballart. Bem como em sites na internet. Também é acessível em Museus que se inserem no Turismo cultural e em escavações arqueológicas.
Para que se tenha condição de acesso a fonte é interessante que o historiador procure todo o tipo de publicação sobre o assunto para melhor interpretar os dados arqueológicos que vai estudar. Estes objetos devem ser fichados como documentos à parte de interpretações. Constando nesse arquivamento todos os dados do objeto como tamanho, material utilizado. Fazendo assim sua própria interpretação em seu estudo arqueológico

Referência


FUNARI, Pedro Paulo. Os historiadores e a cultura material. In: PINSKY, Carla Bassanezi (org). Fontes Históricas. São Paulo: Ed. Contexto, 2005. p. 81-110

17 comentários:

  1. Os historiadores antigos não usavam necessariamente documentos originais como fontes em suas obras, mas sim objetos ou paisagens, as fontes materiais que para nós seria chamado de fonte arqueológica.

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  2. nossa isso é chato nem sei pq eu fui ler

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  3. hamilton lopes

    1m2 CECAL jussara bahia

    muito bom este blog fala um pouco de tudo que estamos vendo na sala de aula

    professora: Jussineide

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  4. irlon nunes de souza 1ºm2 CECAL jussara

    o texto fala da historia dos povos antigos ditadura militar e muitas outras coisas muito interessante

    professora: jussineide

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  5. laiane 1m2 cecal jussara

    professora e mesmo estamos vendo isso ai na sala

    professora jussi

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  6. carol gomes 1ºm2 CECAL

    muito bom entendi um pouco mais do assunto

    professora: jussineide

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  7. Naira gama de sá 1m2 CECAL prof°:Jussineide

    O texto fala da historia dos povos antigos ditadura militar,Os primeiros historiadores foram antes de tudo filólogos.O positivismo que caracterizou a disciplina por muito tempo passou a ser questionado tanto no campo das Ciências Humanas como depois pela História. A Filosofia questionou primeiramente sobre as certezas do positivismo.

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  8. Jusnara Gama N. Santos 1m2 CECAL Prof°:Jusseneide


    O arquivo nos mostra de forma clara a importancia das fontes historicas.Pois se não fossem essas fontes nunca saberiamos decoisas passadas,como sobre a historia do egito antigo e tambem de varias outras coisas.
    Gostei muito de ler, pois me esclareceu muitas coisas que ainda não tinha visto.

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  9. Igor Soares Ribeiro 1m2 prof°Jussineide

    O texto relata sobre as fontes arqueoloicas,sobre a ditadura militar.
    As fontes escritas podem assumir um caráter elitista, o que talvez levaria o historiador a acreditar somente em um grupo dominante. Como por exemplo, a defesa da escravidão feita por autores da elite, como Aristóteles, Sêneca e até o apóstolo Paulo. Já nas fontes matérias mostram a religiosidade africana que esteve ausente dos documentos escritos.

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  10. Gente alguém pode me falar alguns exemplos de fontes escritas?
    E o que são?
    Para que servem?

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  11. Este comentário foi removido pelo autor.

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  12. Taina Santana 1M'1
    prof: Jussineide CECAL

    o texto fala que os historiadores antigos n~so usavam documentos originais como fontes em suas obras, mas sim objetos ou paisagens.
    E só depois entre os séculos XVI e XX que todos estes objetos passaram a ser considerados como fonte de informação.
    Eu gostei desse texto porque ele mim ajudou a entender melhor e saber a importância das fontes historicas.

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  13. Natane Custódio - 1M¹

    O texto nos mostra como saber sobre as fontes hitoricas é importante.. Interessante tbm . Pois como diz no inicio do texto elas são muito usadas como escritas iconográficas, orais e materiais.
    E isso é importante para aprendermos sobre nossas fontes .

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  14. Taiane Gama - 1M¹
    Interessante ! Pois fala sobre as fontes materiais e fala tbm sobre a importancia delas e além disso me fez aprender mais do que havia visto na sala de aula e me fez tbm esclarecer algumas duvidas que eu tinha .

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  15. Ramon A. de Figueiredo 1m¹ Profª: Jussineide

    Gostei muito do texto pois nos ajuda a compreender mais um pouco sobre o que é realmente fontes históricas principalmente naquela parte que mostra as descobertas dos historiadores, nos ajuda a descobrir como vivia o homem de muito tempo atrás, lendo este texto descobri o quanto é importante um museu.

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  16. Débora, as fontes escritas são muitas: jornais, revistas, letras demúsica, poesia, documentos oficiais, sentenças de processo, relatos de viajantes....

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