julho 21, 2010

Aos primeiros brasileiros

A busca por metais e o pioneirismo ibérico nas grandes navegações marcou definitivamente, durante o século XVI, a formação social e cultural naquela que viria a ser a maior colônia lusitana. O índio nativo, o colonizador português e o trabalhador africano formaram as bases de um país marcado pela miscigenação e pelo sincretismo.
M.Ouriques




Nos primeiros anos do Brasil, o português necessitou do nativo para tudo, pois tudo era um empecilho.

Tudo para o lusitano era um obstáculo, até para comer uma fruta era necessário um ímpeto de audácia: sabia o sabor, o nome, a reação? Tudo lhe rodeava, dias e noites, clima, terra, feras, insetos, doenças.

O índio forneceu para o lusitano a força de trabalho, a alimentação, a hospedagem, as mulheres. Mas corrido os anos com o crescente número de europeus desvendando a nova terra, e quando o açúcar substituiu o pau-brasil como fonte de renda, o trabalho ganhou uma estrutura capitalista em uso na Europa. O índio afeito a uma economia de subsistência recusou o serviço em tempo integral, para essa recusa foi preciso escravizá-lo.

Porém este tipo de trabalho/exploração mostrou-se inviável, devido dentre outros fatores às mortes pelas epidemias causadas pelo contato com o homem branco, além de todo trabalho forçado que trouxe a bruta ruptura com a tradição da economia de subsistência. O indígena, conhecedor do território em que vivia, dificultou a vigilância imposta pelos portugueses.

A escravidão indígena só foi oficialmente proibida no Brasil em 1757. Porém como a exploração do território era primordial para os lusitanos, recorream então para a mão-de-obra escrava africana, que será focada em seguida.

A ideia do não-vínculo religioso tida pelos primeiros viajantes aos nativos indígenas não teve consistência na historiografia brasileira.

Ronaldo Vainfas, historiador especializado no período colonial, nos mostra como os Tupinambás por exemplo possuíam uma estrutura ritual religiosa quando da chegada dos lusitanos.

Porém o intuíto do "colonizador" era exterminar com os costumes destes povos, as práticas de antropofagia e poligamia eram umas das que deveriam ser extirpadas, para enfim trazer todos para a fé cristã.

Aos índios tudo foi tomado e nada concedido, tudo o que temos sobre o índio no Brasil foi sentido, vivido e registrado por quem os aproveitou, seduziu, espoliou.

O espólio indígena brasileiro é extremamente vasto, apesar da imposição cultural européia, está presente desde o vocabulário e a culinária até o uso medicinal das plantas.

Uma ótima sugestão, não só em relação ao indígena como toda matriz étnico-cultural do Brasil, é o filme O Povo Brasileiro baseado na obra homônima do antropólogo Darcy Ribeiro.

Link para o vídeo http://www.youtube.com/watch?v=hOq23P_A26g&feature=related




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