A ligação da história de Desterro/Florianópolis com os açorianos começou na segunda metade do século XVIII. Uma história iniciada com a falta de contingente populacional de um território frágil frente ao eminente ataque espanhol.
M. Ouriques
Entre 1748 e 1756 emigrou para Desterro algo em torno de 6 mil açorianos e madeirenses e dois objetivos para a vinda deste contingente populacional são bem claros: primeiramente atender a necessidade política do Reino Portugal em ocupar as terras do sul disputadas com a Espanha, além de também dar uma solução à massa de miseráveis que não possuíam mais terras para produzir e se sustentar em sua colônia pouco mais antiga, localizada em meio ao Oceano Atlântico.
O então Governador da Capitania, Manuel Escudeiro Ferreira de Souza, fez doações de lotes de terras para os novos povoadores, tanto na ilha quanto no continente próximo. Na Ilha, os colonos foram encaminhados para Trindade, Ribeirão, Lagoa, Ratones, Santo Antonio, Canasvieiras, Rio Vermelho e Rio Tavares.
Além dos homens mais fortes terem sido chamados para o serviço militar (no trabalho nas fortalezas), a tradicional cultura do trigo de sua terra natal não vingou na ilha catarinense, tornando, portanto, a adaptação às novas terras bastante difícil.
Com as terras não fornecendo o esperado para os colonos, estas acabaram por muitas vezes sendo abandonadas e o trabalho agrícola era aos poucos sendo substituídos pela pesca ou pelo trabalho urbano.
Quem optou por continuar na terra aderiu ao cultivo da mandioca, quem optou por tirar seu sustento do mar também auxiliou no desenvolvimento das armações de baleia, atividade marcada também pelo trabalho de escravos negros.
As técnicas de pesca, a renda-de-bilro, as festividades do Divino, o desenvolvimento do engenho de farinha de mandioca dentre outros traços, são o espolio deixado pelos colonos vindos das ilhas de Açores e Madeira, que juntamente com os portugueses e dos escravos negros africanos formaram a diversidade étnica-cultural da capital de Santa Catarina.
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