O discurso dialético de Peter Berger entre sociologia e religião mostra um movimento peculiar entre homem e aquilo que o legitima....
M.Ouriques
Da obra O Dossel Sagrado: elementos para uma teoria sociológica da religião, escrita pelo professor de Sociologia nos EUA Peter Berger, destaca-se os dois primeiros capítulos: Religião e construção do mundo e Religião e manutenção do mundo, onde o autor enfatiza o processo dialético entre homem e sociedade, bem como o papel da religião como legitimadora da ordem social.
Berger inicia com a discussão dialética do fenômeno social onde diz que a sociedade é um produto do homem e este um produto da sociedade. Para explicar melhor esta afirmação o autor apóia-se em três momentos específicos: a exteriorização, a objetivação e a internalização.
Segundo Berger a exteriorização é algo imanente ao ser humano, que tem em si uma necessidade de se sociabilizar, estabelecendo uma relação com o mundo, produzindo a si próprio. Fica claro que este é um processo contínuo no homem, criar elementos que totalizarão na cultura que abarcará tanto produtos materiais como os não materiais, como a linguagem, exemplificada pelo autor.
Um próximo momento consiste na objetivação, que vejo como sendo uma legitimação do que é produzido pelo homem.
Essa transformação dos produtos do homem em um mundo que não só deriva do homem como ainda passa a confrontar-se com ele como uma facticidade que lhe é exterior, está presente no conceito de objetivação.
Finalmente a interiorização que consiste na assimilação de valores já anteriormente criados pelo homem, fazendo parte agora de sua consciência, não só pessoal como coletiva da sociedade. Esta exteriorização é feita de forma não passiva, a socialização é a apropriação destes elementos. Peter Berger ainda se utiliza da relação linguagem-indivíduo como exemplo de um paradigma da dialética da socialização.
Até o momento Berger apóia-se somente na sociedade e da sua correlação com os homens, a religião será abordada em outro momento.
Esta sociedade, que vimos ser a exteriorização das atividades dos indivíduos, é o mundo construído em cima de uma ordem significativa, ou nomos. Podendo ser nomo objetivo, como acorre com a linguagem que é interiorizada nas atividades do individuo na sociedade, ou nomo subjetivo que seria a estrutura da consciência do indivíduo.
Berger afirma “viver num mundo social é viver uma vida ordenada e significativa”, ou seja, estar fora desta ordem é viver na incoerência, na loucura, é viver na anomia, no mundo sem sentido, no caos.
Porém para legitimação do nomos, desta ordem social, é necessária a existência desta marginalidade, a anomia, para que se afirme a ordem.
É neste momento que a religião aparece nesta discussão, ela é o cosmo sagrado, uma legitimação da ordem, o pensamento religioso é interiorizado para que tenhamos uma ordem que nos norteie. A falta deste sagrado é o profano, são fenômenos que fogem da qualidade do sagrado como a rotina da vida. O que irá confrontar o sagrado é o caos, seu terrível contrário. A religião é a maior auto-exteriorização do homem, é a efusão de seus sentidos sobre a realidade.
Seguindo para o segundo capítulo “Religião e manutenção do mundo” o autor mostra que toda instituição possui fissuras e para que se mantenha a ordem social, o processo de legitimação vai auxiliar nesta manutenção.
Esta legitimação é o saber socialmente objetivado, torna o discurso social real, são as respostas para os questionamentos dos dispositivos institucionais. São respostas que ao longo da vida social devem ser repetidas para sempre serem lembradas. A religião é o instrumento histórico mais amplo no processo de legitimação, serão os discursos legitimadores que auxiliarão na manutenção do mundo.
Para que o nomos, a ordem, possa perdurar nas gerações é necessário que haja fórmulas legitimadoras para as novas questões que surgirão.
Berger inicia com a discussão dialética do fenômeno social onde diz que a sociedade é um produto do homem e este um produto da sociedade. Para explicar melhor esta afirmação o autor apóia-se em três momentos específicos: a exteriorização, a objetivação e a internalização.
Segundo Berger a exteriorização é algo imanente ao ser humano, que tem em si uma necessidade de se sociabilizar, estabelecendo uma relação com o mundo, produzindo a si próprio. Fica claro que este é um processo contínuo no homem, criar elementos que totalizarão na cultura que abarcará tanto produtos materiais como os não materiais, como a linguagem, exemplificada pelo autor.
Um próximo momento consiste na objetivação, que vejo como sendo uma legitimação do que é produzido pelo homem.
Essa transformação dos produtos do homem em um mundo que não só deriva do homem como ainda passa a confrontar-se com ele como uma facticidade que lhe é exterior, está presente no conceito de objetivação.
Finalmente a interiorização que consiste na assimilação de valores já anteriormente criados pelo homem, fazendo parte agora de sua consciência, não só pessoal como coletiva da sociedade. Esta exteriorização é feita de forma não passiva, a socialização é a apropriação destes elementos. Peter Berger ainda se utiliza da relação linguagem-indivíduo como exemplo de um paradigma da dialética da socialização.
Até o momento Berger apóia-se somente na sociedade e da sua correlação com os homens, a religião será abordada em outro momento.
Esta sociedade, que vimos ser a exteriorização das atividades dos indivíduos, é o mundo construído em cima de uma ordem significativa, ou nomos. Podendo ser nomo objetivo, como acorre com a linguagem que é interiorizada nas atividades do individuo na sociedade, ou nomo subjetivo que seria a estrutura da consciência do indivíduo.
Berger afirma “viver num mundo social é viver uma vida ordenada e significativa”, ou seja, estar fora desta ordem é viver na incoerência, na loucura, é viver na anomia, no mundo sem sentido, no caos.
Porém para legitimação do nomos, desta ordem social, é necessária a existência desta marginalidade, a anomia, para que se afirme a ordem.
É neste momento que a religião aparece nesta discussão, ela é o cosmo sagrado, uma legitimação da ordem, o pensamento religioso é interiorizado para que tenhamos uma ordem que nos norteie. A falta deste sagrado é o profano, são fenômenos que fogem da qualidade do sagrado como a rotina da vida. O que irá confrontar o sagrado é o caos, seu terrível contrário. A religião é a maior auto-exteriorização do homem, é a efusão de seus sentidos sobre a realidade.
Seguindo para o segundo capítulo “Religião e manutenção do mundo” o autor mostra que toda instituição possui fissuras e para que se mantenha a ordem social, o processo de legitimação vai auxiliar nesta manutenção.
Esta legitimação é o saber socialmente objetivado, torna o discurso social real, são as respostas para os questionamentos dos dispositivos institucionais. São respostas que ao longo da vida social devem ser repetidas para sempre serem lembradas. A religião é o instrumento histórico mais amplo no processo de legitimação, serão os discursos legitimadores que auxiliarão na manutenção do mundo.
Para que o nomos, a ordem, possa perdurar nas gerações é necessário que haja fórmulas legitimadoras para as novas questões que surgirão.
Nas legitimações ainda podem seguir alguns níveis de discurso, como o pré-teórico, que é menos elaborado, após o incipientemente teórico, que seria os saberes populares como os ditos, e os explicitamente teóricos que são de caráter científico e estão ancoradas nos paradigmas das ciências estabelecidas.
A legitimação surtirá efeito quando internalizada no nosso subjetivo, colocada em nossos valores, para tanto a sociedade deve estar estruturada para que os discursos legitimadores façam sentido.
A análise da sociologia da religião é abordada em Dossel Sagrado através de um discurso dialético bastante interessante sobre a correlação entre homem – sociedade e os processos legitimadores. Bastante relevante a importância dada à religião como legitimadora da ordem através do tempo. Mas fica a dúvida: a sociedade se utilizada da religião para buscar uma ordem ou a religião é um dos pilares para a legitimação da sociedade? Creio não só a religião, mas o sagrado, como base para ordem na sociedade durante a história, com seus princípios e regras que seriam, penso eu, como um escudo de proteção da sociedade do caos, da loucura.
A legitimação surtirá efeito quando internalizada no nosso subjetivo, colocada em nossos valores, para tanto a sociedade deve estar estruturada para que os discursos legitimadores façam sentido.
A análise da sociologia da religião é abordada em Dossel Sagrado através de um discurso dialético bastante interessante sobre a correlação entre homem – sociedade e os processos legitimadores. Bastante relevante a importância dada à religião como legitimadora da ordem através do tempo. Mas fica a dúvida: a sociedade se utilizada da religião para buscar uma ordem ou a religião é um dos pilares para a legitimação da sociedade? Creio não só a religião, mas o sagrado, como base para ordem na sociedade durante a história, com seus princípios e regras que seriam, penso eu, como um escudo de proteção da sociedade do caos, da loucura.
BERGER, Peter Ludvig. O Dossel Sagrado: Elementos para uma teoria sociológica da religião. Tradução: José Carlos Barcelos. São Paulo: Editora Paulinas, 1985, p. 15-64.
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