A segregação racial nos EUA foi levada ao extremo com a criação da Ku Klux Klan. Organização racista, criada em 1865, busca a supremacia branca empregando a violência, seu membros se enquadram no famoso padrão WASP (White, Anglo-Saxon and Protestant).
M.Ouriques
Antes mesmo de falar de racismo nos Estados Unidos, acredito que, é importante que se tenha claro que o racismo brasileiro se insere em um contexto histórico bem diferente. Longe da idéia de que no Brasil tivemos uma escravidão adocicada como já disse Gilberto Freyre, é de senso comum que houve a coerção em qualquer época ou lugar que se tenha empregado a escravidão. Pois bem, a escravidão no nosso país fugia, por vezes, da linha da cor. Explico: muitos negros forros tornaram-se senhores de escravos ou ainda traficantes, possivelmente até enriquecendo-se com esta atividade. Que fique enfatizado, este é um traço da sociologia histórica brasileira e não se encontraria tais acontecimentos pelas bandas do Tio Sam.
Mas e aquela dúvida? Porque no Brasil o racismo é algo por vezes velado, onde as pessoas envergonham-se de assumir tal preconceito e nos EUA ele chegou a este ponto:da criação de uma organização extremista que eliminam negros e que contou com o apoio de governos estaduais e por muito pouco não tornou um partido político?
Talvez a resposta esteja nas condições que foi gestada a abolição por lá e no Brasil. Nossa abolição, assinada em 1888, foi tecida pelo alto, pelas mãos da elite política brasileira, com a constante pressão da Inglaterra desde o primeiro quartel do século XIX.
A abolição nos EUA deu-se de uma maneira muito diversa: foi obtida numa guerra civil, e no fim desta foram suspensos os direitos políticos dos brancos sulistas, conforme afirma Ronaldo Vainfas.
Pois bem, durante o período pós-guerra surgiu no Tennessee em 1865, a Ku Klux Klan, apadrinhada por governos estaduais, principalmente do sul do país. Espalhavam-se pelo país cartazes em bares, em bancos de praça, em banheiros: “Only for black people”, “Only for White people”.
A princípio o Klan queria tirar todos os direitos adquiridos pelos cidadãos negros, como de votar. Para alcançarem seus objetivos, a violência foi ( e talvez ainda seja, pois a organização ainda mantêm-se viva) utilizada levando por muitas vezes, a morte destes cidadãos.
Com a crise de 1929 e o advento da II Guerra a popularidade da organização cresceu a ponto de organizarem-se passeatas em prol dos WASP. Eram simpatizantes do nazismo e do antissemistismo. No seu auge a KKK chegou a abarcar algo em torno de 4 milhões de membros, hoje conta com mais ou menos 3 mil homens.
Foi por muito custo que durante a década de 1960 os negros americanos uniram-se para derrubar este sistema que se infiltrou por todo o país. Vale aqui recordar do movimento liderado por Martins Luther King e seu famoso discurso: “I have a dream” e das políticas de ação afirmativa do governo nos anos 1970.
Felizmente, na terra brasilis, não tivemos exemplos deste tipo. Ao menos o terror racista nós não importamos.
“Eu digo a você hoje, meus amigos, que embora nós enfrentemos as dificuldades de hoje e amanhã. Eu ainda tenho um sonho. É um sonho profundamente enraizado no sonho americano.Eu tenho um sonho que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro significado de sua crença - nós celebraremos estas verdades e elas serão claras para todos, que os homens são criados iguais.Eu tenho um sonho que um dia nas colinas vermelhas da Geórgia os filhos dos descendentes de escravos e os filhos dos desdentes dos donos de escravos poderão se sentar junto à mesa da fraternidade.Eu tenho um sonho que um dia, até mesmo no estado de Mississippi, um estado que transpira com o calor da injustiça, que transpira com o calor de opressão, será transformado em um oásis de liberdade e justiça.Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver em uma nação onde elas não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter. Eu tenho um sonho hoje” (Martin Luther King, 1963)
VAINFAS, Ronaldo. Racismo à moda americana. In: FIGUEIREDO, Luciano (org) A era da escravidão. Rio de Janeiro: SABIN, 2009.
M.Ouriques
Antes mesmo de falar de racismo nos Estados Unidos, acredito que, é importante que se tenha claro que o racismo brasileiro se insere em um contexto histórico bem diferente. Longe da idéia de que no Brasil tivemos uma escravidão adocicada como já disse Gilberto Freyre, é de senso comum que houve a coerção em qualquer época ou lugar que se tenha empregado a escravidão. Pois bem, a escravidão no nosso país fugia, por vezes, da linha da cor. Explico: muitos negros forros tornaram-se senhores de escravos ou ainda traficantes, possivelmente até enriquecendo-se com esta atividade. Que fique enfatizado, este é um traço da sociologia histórica brasileira e não se encontraria tais acontecimentos pelas bandas do Tio Sam.
Mas e aquela dúvida? Porque no Brasil o racismo é algo por vezes velado, onde as pessoas envergonham-se de assumir tal preconceito e nos EUA ele chegou a este ponto:da criação de uma organização extremista que eliminam negros e que contou com o apoio de governos estaduais e por muito pouco não tornou um partido político?
Talvez a resposta esteja nas condições que foi gestada a abolição por lá e no Brasil. Nossa abolição, assinada em 1888, foi tecida pelo alto, pelas mãos da elite política brasileira, com a constante pressão da Inglaterra desde o primeiro quartel do século XIX.
A abolição nos EUA deu-se de uma maneira muito diversa: foi obtida numa guerra civil, e no fim desta foram suspensos os direitos políticos dos brancos sulistas, conforme afirma Ronaldo Vainfas.
Pois bem, durante o período pós-guerra surgiu no Tennessee em 1865, a Ku Klux Klan, apadrinhada por governos estaduais, principalmente do sul do país. Espalhavam-se pelo país cartazes em bares, em bancos de praça, em banheiros: “Only for black people”, “Only for White people”.
A princípio o Klan queria tirar todos os direitos adquiridos pelos cidadãos negros, como de votar. Para alcançarem seus objetivos, a violência foi ( e talvez ainda seja, pois a organização ainda mantêm-se viva) utilizada levando por muitas vezes, a morte destes cidadãos.
Com a crise de 1929 e o advento da II Guerra a popularidade da organização cresceu a ponto de organizarem-se passeatas em prol dos WASP. Eram simpatizantes do nazismo e do antissemistismo. No seu auge a KKK chegou a abarcar algo em torno de 4 milhões de membros, hoje conta com mais ou menos 3 mil homens.
Foi por muito custo que durante a década de 1960 os negros americanos uniram-se para derrubar este sistema que se infiltrou por todo o país. Vale aqui recordar do movimento liderado por Martins Luther King e seu famoso discurso: “I have a dream” e das políticas de ação afirmativa do governo nos anos 1970.
Felizmente, na terra brasilis, não tivemos exemplos deste tipo. Ao menos o terror racista nós não importamos.
“Eu digo a você hoje, meus amigos, que embora nós enfrentemos as dificuldades de hoje e amanhã. Eu ainda tenho um sonho. É um sonho profundamente enraizado no sonho americano.Eu tenho um sonho que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro significado de sua crença - nós celebraremos estas verdades e elas serão claras para todos, que os homens são criados iguais.Eu tenho um sonho que um dia nas colinas vermelhas da Geórgia os filhos dos descendentes de escravos e os filhos dos desdentes dos donos de escravos poderão se sentar junto à mesa da fraternidade.Eu tenho um sonho que um dia, até mesmo no estado de Mississippi, um estado que transpira com o calor da injustiça, que transpira com o calor de opressão, será transformado em um oásis de liberdade e justiça.Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver em uma nação onde elas não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter. Eu tenho um sonho hoje” (Martin Luther King, 1963)
VAINFAS, Ronaldo. Racismo à moda americana. In: FIGUEIREDO, Luciano (org) A era da escravidão. Rio de Janeiro: SABIN, 2009.
Leio este post hoje, dia 20/ 11, dia da consciência negra. Muito apropriado. Por mais que avancemos, é evidente que o racismo (não só no Brasil, como em todo Ocidente) é ainda um fenômeno forte.
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