A inserção do ensino de História da África no ensino parece trazer mais perguntas do que conquistas.
Tema negligenciado até pouco tempo atrás no meio escolar e acadêmico, o ensino de História da África levanta inúmeras questões. Como devemos abordá-lo: do ponto de vista do Atlântico? Do ponto de vista do Brasil? Do ponto de vista da própria África?
O que parece, às vezes, é que se abriu uma porta para “incluir” o africano/o negro, pois não os vejo de forma separada, para cobrir esta negligência, para fugir temporariamente do eixo eurocêntrico. Feito isso, este sujeitos estão inclusos? Está reparado o estigma de negro/escravo?
Não se foge do contexto europeu antes ou depois da chegada do “homem civilizado” nas Américas. Os africanos ficaram onde neste pré/pós conquista? Porque não é abordado nem de forma superficial o contexto de países como Angola que forneceu mão-de-obra para o Brasil durante a colônia e o império?
Nenhum africano foi criado por autogênese nos navios negreiros e também não é uma massa homogênea de homens e mulheres com a mesma língua, crenças ou valor.
A lei 10639/03 deu o primeiro passo para o fim de um silêncio, para a possibilidade de destruir velhos estereótipos de negro/escravo ou África/ fome/miséria/AIDS.
A África e a identidade do negro/africano devem ser diluídas na História e em todas as disciplinas que puderem ter o mérito de absorvê-la. Se este sujeito forma parte do todo da nossa sociedade, sua história e seus valores devem estar presentes no cotidiano e não somente dentro de uma gaveta que espera ser aberta e depois fechada com a duvidosa idéia de inclusão.
M.Ouriques
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