O mínimo que nós ocidentais devemos aos muçulmanos é entedermos que fé é essa que erroneamente ligamos ao terrorismo e ao extremismo. A segunda maior religião do mundo tem muito a nos ensinar.
Sallam aleikum!
M. Ouriques
Ao contrário de outras importantes religiões o surgimento do Islamismo tem data e local demarcado: início do século VII na Península Árabe.
Esta região foi durante séculos o ponto de comunicação mantido por caravanas terrestres entre a Europa e as civilizações mais orientais da Índia, da China e do sudeste asiático.
O Islamismo é uma religião monoteísta, isto é, possui um único deus: Alá. O calendário islâmico tem como marco inicial o ano 622 da era cristã, mas o primeiro evento da doutrina seguida pelos muçulmanos pode ser considerado o ano 610, quando Muhammad recebeu o anúncio de sua missão profética, em uma visão do arcanjo Gabriel. Três anos depois, ele iniciou a sua pregação oral, na forma de versos, em Meca, sua cidade natal.
Muhammad recebeu revelações, que falavam de um deus único – Alá, diante de quem cada ser humano é chamado a se submeter e venerar: a palavra islam (islã, em português) significa exatamente submissão.
Ao acreditar ter sido escolhido por Deus como veículo de sua mensagem, Muhammad passou a assumir o papel de profeta.
Seu primeiro núcleo de ouvintes foi mínimo, mas o suficiente para irritar a elite comercial de Meca, cuja renda do turismo religioso foi ameaçada pela insistência de Muhammad em destruir imagens dos deuses politeístas. A repressão contra esse pequeno grupo muçulmano levou o profeta Muhammad e seus seguidores a fugirem para outra cidade mais aberta às suas demandas: Yatreb, desde então nomeada como Medina (al Medina, a cidade). Essa fuga, em 622, é conhecida como a hégira (migração) e marca o início do calendário islâmico.
À medida que ouviam de Muhammad os versos ou recitações (quram em árabe), os seguidores letrados do profeta os anotavam. Ao todo, foram escritos 6226 versos, reunidos sob o título de Al Quran, conhecido em português como Alcorão.
Em Medina, Muhammad ainda teve de enfrentar forte oposição. Porém com o passar do tempo, Muhammad e seus seguidores impuseram sua superioridade militar. O profeta pôde então reorganizar Medina com a primeira comunidade a viver sob as leis muçulmanas.
O poder de Muhammad levou um número cada vez maior de tribos a se aliar e a aceitar a nova fé. A expansão da religião nos traz um conceito bastante discutido: a jihad, comumente traduzida como guerra santa, mas que literalmente quer dizer “esforço em favor de Deus”. A jihad foi a maneira pela qual o islamismo se expandiu pelo mundo, um esforço pela adesão a sua fé.
Em 632 Muhammad falece - neste período praticamente toda a região ocidental da península árabe estava sob o domínio islâmico – porém não havia indicado quem seria seu sucessor. Neste momento que surgem duas tendências para sucessão do profeta:
Xiitas – grupo minoritário que acredita que a sucessão deveria ser hereditária e pretendia que Ali (genro de Muhammad) assumisse a posição do profeta.
Sunitas – para este grupo qualquer fiel poderia se um candidato adequado, desde que fosse aceito pela comunidade. Os sunitas representam a maioria dos muçulmanos, em torno de 85% dos fiéis seguem esta tendência.
Abu Bakr, um sunita, assume a posição do primeiro califa (sucessor). Mais três califas sunitas ainda assumiriam o poder, nesta fase houve uma grande expansão do Islamismo fora da península árabe.
Após várias disputas pelo poder, o Império é assumido pelos Omíadas.
Império Omíada (661-750) – Período de conquistas do norte da África, no noroeste da China e de quase toda península Ibérica. A capital do Império foi transferida de Medina para Damasco e a língua árabe foi escolhida como língua oficial do império. Porém em 750 uma guerra civil tira o poder dos omíadas, passando o poder para os Abássidas.
Império Abássida (750-1258) – Período onde as conquistas ainda continuaram pela Europa, no sul da península Itálica. Porém, o Império já enfrentava crises internas, que levaram à formação de Estados independentes, entre os quais o de Córdoba (Espanha) e do Cairo (Egito).
Medicina Árabe
Impulsionado pelos abássidas, o mundo muçulmano viveu um período de grande progresso científico do século VIII ao século XI.
A medicina foi uma das primeiras ciências na civilização árabe islâmica. Os médicos árabes se utilizavam do senso crítico, eram unidos pela estrutura do conhecimento entre filosofia e a medicina, assim como os médicos gregos.
Um aspecto de extrema importância na medicina foi a tradução para a língua árabe de textos dos mais variados campos da medicina de outras civilizações, especialmente o que foi traduzido da medicina grega, dos volumes de Hipócrates e Galeano.
Importante notar que a medicina grega focava primeiramente nas causas físicas da doença, a medicina indiana nas causas mentais e psicológicas da doença, já a medicina árabe considera os dois lados juntos, com a mesma importância.
Enquanto a medicina Árabe vivia seus tempos áureos, a medicina ocidental vivia no obscurantismo, baseando seus diagnósticos e tratamentos em mitos.
Bibliografia
AJLUNI, Jean. Brilhantes páginas na história da medicina árabe. Disponível em
http://arabesq.com.br/Principal/Cultura/CultureArticle/tabid/58/ArticleID/1171/
Default.aspx, acesso em 06/09/2010.
DEMANT, Peter. O mundo muçulmano. São Paulo: Contexto, 2004.
TUFFANI, Mauricio. Dossiê Islamismo. Revista Galileu. Novembro/ 2001.
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